I ARTIGO: FÉ (PARTE 1 DE 4)

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Quando dizemos “Creio em Fulano”, queremos dizer que acreditamos no que ele diz, pois sua existência é óbvia. Nosso Credo se inicia com as palavras “Creio em Deus”, ou seja, no que Ele diz, pressupondo já que Ele existe. A existência de Deus é obrigatória, pois que é demonstrável pela razão (não é, pois, propriamente matéria de Fé). Começamos o Símbolo da Fé, portanto, professando “crer naquilo que Deus ensina”.

Crer não é, aqui, uma opinião, como quando se diz “creio que vai chover”, mas, necessariamente, implicação de certeza. Contudo, nem toda certeza é Fé. Há muitos fatos que conhecemos e temos certeza de sua veracidade. Dentre esses “tipos” de certeza estão aquilo que se pode perceber ou demonstrar. Estas não entram no campo da Fé:

  • se acredita-se na existência de algo porque se , a crença nele é evidente e, consequentemente, obrigatória.
  • se acredita-se em algo que uma pessoa diz porque se tem provas, que são uma demonstração material da veracidade da afirmação, tal crença é também obrigatória.

Finalmente, se acredita-se em algo, apenas pela autoridade de que afirma, por adesão pessoal a essa pessoa e sem necessidade de provas, tem-se fé:

Disse-lhe Jesus: Creste, porque Me viste. Felizes aqueles que creem sem ter visto! (Jo 20,29).

Se o fundamento da crença é uma autoridade de um homem, chama-se fé humana; exemplo: um médico que afirma que o remédio A é mais indicado para determinada doença que o remédio B. Se o fundamento da crença é a autoridade de Deus, chama-se Fé Divina; exemplo: o Papa afirma que tal verdade é de crença obrigatória.

Fé: definição e importância

Fé é uma virtude teologal, ou seja, aquela [virtude] que se refere a Deus de maneira imediata e direta (neste sentido, se opõe às morais, que se referem à honestidade dos atos) [1]. Sua relação com Deus é tão íntima que uma virtude teologal só pode ser infundida por Ele (ao menos seu primeiro gérmen).

Assim, a Fé é a virtude sobrenatural infusa pela qual cremos firmemente em todas as verdades reveladas propostas pela Igreja, porque Deus lhas revelou. A Fé firma-se na santidade e onisciência divinas (Deus não pode nos enganar nem Se enganar).

A Fé é adesão da inteligência à Revelação e não uma confiança que Deus nos salvará (visão protestante herética).

É a virtude fundamental:

Desposar-te-ei na Fé (Os 2,22).

Sem fé é impossível agradar a Deus, pois para se achegar a Ele é necessário que se creia primeiro que Ele existe e que recompensa os que O procuram (Hb 11,6).

Ela é o fundamento das outras virtudes, pois sem a Fé não é possível esperar nas promessas divinas (Esperança), tampouco amar sobre todas as coisas Aquele em Quem não se acredita (Caridade):

A Fé é o fundamento da esperança, é uma certeza a respeito do que não se vê. Foi ela que fez a glória dos nossos antepassados. Pela fé reconhecemos que o mundo foi formado pela palavra de Deus e que as coisas visíveis se originaram do invisível (Hb 11,1ss).

Portanto, com a perda da Fé, perdem-se todas as virtudes infusas. Pelo que foi dito, facilmente se chega à sua importância para a salvação: ela não é única condição para tal, mas é condição sine qua non, como ensina Nosso Senhor:

Quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer será condenado (Mc 16,16).

Pelo exposto, portanto, infere-se que a Fé Católica é o maior tesouro que podemos possuir, de modo que nenhuma virtude moral (obediência, humildade, religião…) pode sobrepujá-la. Sobre isso diz o Apóstolo:

Mas, ainda que alguém – nós ou um Anjo baixado do céu – vos anunciasse um Evangelho diferente do que vos temos anunciado, que ele seja anátema. Repito aqui o que acabamos de dizer: se alguém pregar doutrina diferente da que recebestes, seja ele excomungado! (Gl 1,8s).

Negar um ponto da Fé é negar a Deus, princípio da Fé.

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Jamais se deve colocar a Fé em risco por qualquer indiferentismo religioso. Não é admissível qualquer imprecisão ou falta de zelo em manter íntegra a Fé, como admoesta a Mãe Igreja no dia do Batismo, em que a Fé nos é infundida. Não é fácil entender como, em nossos dias, tantos são até rigorosos nos costumes morais, mas tão permissivos quanto às verdades reveladas.

Pela Fé, somos o sal da terra vazia em si mesma e luz do mudo imerso nas trevas do pecado. Ela, que nos é passada indefectivelmente pela Igreja, é nosso bem mais precioso, pois só com ela podemos agradar a Nosso Senhor Deus e ter Esperança de, pela Caridade, chegar à bem-aventurança eterna com os Santos em Sua glória.

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Nota

[1] As virtudes teologais são três – Fé, Esperança e Caridade – e têm a Deus com objeto, pois Ele é a suma Verdade, a suma Bondade e o sumo Bem.

4 respostas em “I ARTIGO: FÉ (PARTE 1 DE 4)

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