XII ARTIGO: VIDA ETERNA

dies irae (3)

Por fim, a doutrina católica confessa a fé na vida eterna: “[creio] na vida eterna”. Assim os últimos acontecimentos, i.e., os quatro novíssimos: a morte, o juízo (seja particular, seja universal), o inferno (como visto aqui) e o paraíso. Eles são o desdobramento da ressurreição dos mortos.

Depois da morte, há outra vida, eternamente feliz para quem morreu na graça de Deus ou eternamente infeliz para os que tiveram morrido sem a graça, ou seja, em estado pecado mortal. Deus, de fato, “recompensa os que O procuram” (Hb 11,6).

Mas, pela tua obstinação e coração impenitente, vais acumulando ira contra ti, para o dia da cólera e da revelação do justo juízo de Deus, que retribuirá a cada um segundo as suas obras: a vida eterna aos que, perseverando em fazer o bem, buscam a glória, a honra e a imortalidade; mas ira e indignação aos contumazes, rebeldes à verdade e seguidores do mal (Rm 2,5-8).

Em Quem [Cristo] brilhou para nós a esperança da feliz ressurreição, e aqueles, contristados pela certeza da sua condição mortal, sintam-se consolados com a promessa da futura imortalidade. Para os vossos fiéis, Senhor, a vida é transformada, não tirada; e, destruída a morada desta habitação terrestre, está preparada uma habitação eterna nos céus (Prefácio dos Defuntos).

O inferno

 Inferno é o lugar de eterno e puro ódio a Deus e aos Santos.

As penas do inferno são: a pena de dano que é privação do Bem, o apartamento total de Deus (consequência do pecado original), e a pena dos sentidos que é o sofrimento de todo o mal e dor (consequência do pecado pessoal).

Penas iguais em duração, posto que eternas, mas não quanto à intensidade, do contrário contrariaria a divina justiça. As penas secundárias são (i) pelo remorso, pena da memória que recorda ao condenado os meios de salvação que teve nesta vida, o desprezo que os deu e como veio a condenar-se por culpa apenas sua; e (ii) pelo desespero, pena da imaginação que representa ao condenado constantemente que os seus tormentos durarão, não milhares, nem milhões de anos, mas enquanto Deus existir.

Voltar-se-á em seguida para os da Sua esquerda e lhes dirá: Retirai-vos de Mim, malditos! Ide para o fogo eterno destinado ao demônio e aos seus anjos. E estes irão para o castigo eterno, e os justos, para a vida eterna (Mt 25,41.46).

O céu

Céu é o lugar de eterna felicidade, onde Deus Se dá como recompensa dos justos. Céu já começado na terra pela Igreja, a Esposa Santa e imaculada de Cristo:

Pelo mistério da Redenção da humanidade realizado por Cristo e, submetidas ao Seu império todas as criaturas, entregou um reino eterno e universal à vossa imensa Majestade. Reino de verdade e de vida, reino de santidade e de graça, reino de justiça, de amor e de paz (cf. Prefácio de Cristo Rei).

E lugar onde reina a Caridade:

Por ora subsistem a Fé, a Esperança e a Caridade – as três. Porém, a maior delas é a Caridade (I Cor 13,13).

Aquele que não ama não conhece a Deus, porque Deus é Caridade (I Jo 4,8).

A principal felicidade do céu é, pois, a visão beatífica, ou seja, a visão bendita de Deus:

Caríssimos, desde agora somos filhos de Deus, mas não se manifestou ainda o que havemos de ser. Sabemos que, quando isto se manifestar, seremos semelhantes a Deus, porquanto O veremos como Ele é (I Jo 3,2).

Hoje vemos como por um espelho, confusamente; mas então veremos face a face. Hoje conheço em parte; mas então conhecerei totalmente, como eu sou conhecido (I Cor 13,12).

E para essa visão e esse entendimento de Deus, é necessária uma ajuda sobrenatural chamada lumen gloriæ: luz sobrenatural que aperfeiçoa o entendimento, pois a visão da essência de Deus está acima da capacidade natural de qualquer criatura criada ou criável:

Deus habita em luz inacessível, a Quem nenhum homem viu, nem pode ver (I Tm 6,16).

Pela glória e virtude de Deus temos entrado na posse das maiores e mais preciosas promessas, a fim de tornar-vos por este meio participantes da natureza divina (II Pd 1,4).

No céu teremos, em Deus, todo o bem, toda felicidade e a realização de nossas aspirações, pois Deus é o Bem absolutamente deleitável e desejável. Portanto, não pode haver mal algum, nem pecado, nem possibilidade dele, nem dor, nem desejo, nem inquietação, nenhuma necessidade, pois Deus saciará a todos de tudo.

Bem-aventurados os que têm um coração de pobre, porque deles é o Reino dos céus! Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados! Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra! Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados! Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia! Bem-aventurados os puros de coração, porque verão Deus! Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus! Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos céus! Bem-aventurados sereis quando vos caluniarem, quando vos perseguirem e disserem falsamente todo o mal contra vós por causa de mim. Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus, pois assim perseguiram os profetas que vieram antes de vós (Mt 5,3-12).

Então o Rei dirá aos que estão à direita: Vinde, benditos de meu Pai, tomai posse do Reino que vos está preparado desde a criação do mundo (Mt 25,34).

Eles se saciam da abundância de vossa casa, e lhes dais de beber das torrentes de vossas delícias (Sl 35,9).

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