VIII ARTIGO: ESPÍRITO SANTO

baf8249367913663a7d0ae5a835ad328

Este artigo nos ensina acerca da Terceira Pessoa da Santíssima Trindade: “Creio no Espírito Santo”. As verdades reveladas sobre o Espírito Santo já foram tratados em outro texto (aqui é possível ler um aprofundamento sobre a doutrina católica da Terceira Pessoa de Deus).

O Símbolo niceno-constantinopolitano: “Creio no Espírito Santo, Senhor que dá a vida, e procede do Pai e do Filho; e com o Pai e o Filho e adorado e glorificado: Ele que falou pelos Profetas”. É Deus, portanto:

Por que mentistes ao Espírito Santo e enganasses acerca do valor do campo? Acaso não o podias conservar sem vendê-lo? E depois de vendido, não podias livremente dispor dessa quantia? Por que imaginaste isso em teu coração? Não foi aos homens que mentiste, mas a Deus (At 5,3s).

Ele é o vivificador: “O Espírito é que vivifica” (Jo 6,63). Também é onisciente e santificador; foi Ele Quem falou pelos Profetas, ou seja, foi o inspirador das Santas Escrituras e da Divina Tradição:

Porque jamais uma profecia foi proferida por efeito de uma vontade humana. Homens inspirados pelo Espírito Santo falaram da parte de Deus (II Pd 1,21).

O Espírito Santo, como a alma no corpo, vivifica a única Igreja de Cristo com a Sua graça [1] e com os Seus dons [2]; estabelece nela o reino da Verdade e da Caridade; e assiste-lhe a fim de que oriente os seus filhos com firmeza no caminho da salvação. Canta a Igreja a Seu respeito:

Vós sois chamado o Paráclito, o dom do Deus Altíssimo, a fonte viva, o fogo, a caridade e a unção dos espirituais (Hino Veni Creator).

Vinde, pai dos pobres; vinde, doador dos dons; vinde, luz dos corações (Sequência Veni Sancte Spiritus).

São sete os dons do Espírito Santo: na razão, quatro (conselho, entendimento, ciência, e sabedoria); na vontade, dois (piedade e fortaleza); nos apetites irascível e concupiscível (temor filial de Deus) [3].

  1. Conselho (ação): aperfeiçoa a virtude da prudência. É o dom que nos faz julgar o que convém fazer por uma espécie de disposição sobrenatural, especialmente em casos difíceis.
  2. Entendimento (apreciação teórica): aperfeiçoa a virtude da . É o dom da compreensão das verdades reveladas, manifestando suas harmonias.
  3. Ciência (julgamento prático): aperfeiçoa a virtude da humildade. É o dom do julgamento reto das coisas criadas em relação a Deus.
  4. Sabedoria (julgamento teorético): aperfeiçoa a virtude da Caridade. É o dom do discernimento de Deus e das criaturas, saboreando a harmonia de ambos. Do latim sapientia, «sabor».
  5. Piedade (com relação aos outros): aperfeiçoa a virtude da religião. É o dom da afeição filial para com Deus e devoção com as coisas divinas.
  6. Fortaleza (com relação a si): aperfeiçoa a virtude da fortaleza. É o dom que impulsiona a vontade a sofrer com alegria as agruras da vida.
  7. Temor (moderador dos apetites): aperfeiçoa a virtude da justiça. É o dom que nos leva a ter horror a ofender a Deus, não considerando primeiramente os castigos, mas Sua majestade infinita.

*

Sugerimos como meditação nos dons do Espírito Santo a consideração de dois textos litúrgicos.

I – Hino de Vésperas (e Terça do Domingo de Pentecostes) do Tempo de Pentecostes Veni Creator:

Vinde, Espírito Criador, Visitai as mentes dos vossos, Enchei da graça suprema Os peitos dos que Vós criastes.
Sois chamado de Paráclito, Dom do Deus Altíssimo, A fonte viva, o fogo, a caridade E a unção espiritual.
Os dons septiformes são vossos, Dedo da destra paternal, Vós, a solene promessa do Pai Inspirando as nossas palavras.
Acendei a luz dos sentidos, Infundi o amor nos corações, Nossos corpos fracos, Firmai na constante virtude.
O inimigo repeli para longe, E dai prontamente a paz, Assim guiados por Vós, Evitemos tudo que é nocivo.
Por Vós conhecemos o Pai, Reconhecemos também o Filho, Em Vós, Espírito de Ambos, Creiamos em todo tempo.
A Deus Pai seja a glória, E ao Filho, que dos mortos Ressuscitou e ao Paráclito, Pelos séculos dos séculos. Amém.

II – Sequência da Missa de Pentecostes e de toda a Oitava Veni, Sancte Spiritus:

Vinde, Santo Espírito, e emiti do céu um raio de vossa luz.
Vinde, pai dos pobres; vinde, doador dos dons; vinde, luz dos corações.
Consolador supremo, doce hóspede da alma, doce refrigério.
No labor [sois] repouso; no calor, alívio; no pranto, o consolo.
Ó luz beatíssima, inundai o íntimo dos corações dos vossos fiéis.
Sem o vosso poder divino, nada há no homem, nada é inocente.
Lavai o que é sórdido, irrigai o que é árido, sarai o que está ferido.
Curvai o que é rígido, aquecei o que é frígido, conduzi o que é desviado.
Dai aos vossos fiéis, que em Vós confiam, os sete [dons] sagrados.
Dai o mérito da virtude, dai o êxito da salvação, dai o perene gáudio. Amém. Aleluia.

________________
Notas:

[1] Graça ⇒ influxo gratuito dado por Deus pelos méritos da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo com vista à salvação. Pode ser (i) habitual → influxo permanente da vontade de Deus que nos concede: a justificação, as virtudes teologais, os dons do Espírito Santo, as virtudes morais espirituais; e (ii) atual → influxo transitório que ilumina a inteligência e/ou move a vontade para que se evite o mal e faça o bem.

[2] Dom ⇒ Disposições infusas por Deus pelas quais a alma se torna dócil e pronta aos impulsos do Espírito Santo, com fim de santificação pessoal. Assim, os dons ajudam a manutenção da graça habitual e diferenciam-se da virtude porque esta é um princípio de atividade e aquele ordenamento potenciais da alma.

[3] Para relembrar o significado desses apetites, ver nota 7 do texto Criação 1.

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s