SACRAMENTO DA CONFIRMAÇÃO

pentecotes (2)

Confirmação (ou Crisma como é mais conhecido) é o segundo Sacramento e, como seu nome demonstra, está intimamente ligado ao Batismo, o qual é por ele aperfeiçoado [1]. Não se deve entender que este Sacramento confirma, para se ter como realizado, aquilo que o fiel já recebeu no Batismo, como se algo faltasse nele [2].

Por seu nome, não se deve entender que este Sacramento confirma, para ter certeza, aquilo que o fiel já recebeu no Batismo, como os modernistas ensinam, a fim de que o católico conscientemente professe o que não pôde, quando foi batizado, por ser ainda criança.

Confirmar (do latim confirmatio), neste Sacramento, toma de volta a acepção original de “fortificar, firmar”, aperfeiçoa a graça já recebida (no Batismo). Desse modo, a Confirmação é o Sacramento que dá o Divino Espírito Santo, imprimindo caráter de soldados de Cristo, e faz perfeitos cristãos. É, portanto, uma infusão mais abundante dos sete dons, aperfeiçoando a graça do Batismo: eis por que Santo Tomás chama-o de «o Sacramento da plenitude da graça».

Plenitude esta expressa na coragem semelhante àquela que os Santos Apóstolos receberam no dia de Pentecostes (cf. At 2). Após a recepção da Crisma pelos Apóstolos, vemos uma nítida mudança de postura: depois da morte de Cristo eram covardes (e até hipócritas); após a descida do Paráclito, fortes, firmes na Fé (enfrentando até os imperadores pagãos, à custa da própria vida).

Atestamos a existência e a instituição divina da Confirmação [3]:

Os Apóstolos que se achavam em Jerusalém, tendo ouvido que a Samaria recebera a palavra de Deus, enviaram-lhe Pedro e João. Estes, assim que chegaram, fizeram oração pelos novos fiéis, a fim de receberem o Espírito Santo, visto que não havia descido ainda sobre nenhum deles, mas tinham sido somente batizados em nome do Senhor Jesus (At 8,14ss).

Nele também vós, depois de terdes ouvido a Palavra da Verdade, o Evangelho de vossa salvação no qual tendes crido, fostes selados com o Espírito Santo que fora prometido (Ef 1,13).

São os seguintes os ritos da Confirmação: imposição de mãos do Bispo, oração, unção com o óleo sagrado – que se deve distinguir da unção que o sacerdote faz depois do Batismo – e, ao mesmo tempo, a bênção e o assinalamento da fronte e o beijo da paz (Santo Hipólito de Roma, séc. III, Tradição apostólica).

Aqueles que foram batizados na Igreja são conduzidos aos Bispos e por nossa oração e nossa imposição de mãos recebem o Espírito Santo e são confirmados pelo selo do Senhor (São Cipriano, séc. III, Epístolas 73,9).

São Paulo, na perícope acima, dá-nos a doutrina do caráter, a marca espiritual com que é selada a alma que recebe este Sacramento. Santo Tomás distingue três aspectos no caráter da Confirmação:

  1. dispositivo: a faculdade e o direito de guerrear o combate espiritual travado contra os inimigos da Fé (assemelhar o confirmado a Cristo, Mestre da Verdade);
  2. distintivo: não entre infiéis e fiéis (como o Batismo), mas entre os espiritualmente plenos e aqueles recém-nascidos, como diz São Pedro (cf. I Pd 2,2);
  3. obrigativa: confissão pública da Fé católica e fazer apostolado secular.

Assim como o Batismo, a Confirmação também imprime o sinal e, igualmente àquele, apenas se recebe uma vez.

*

  • Os efeitos da Confirmação:

Concede a graça santificante segunda, a plenitude das graças, virtudes sobrenaturais e dons do Espírito Santo e a impressão do caráter, alistando o católico sob o estandarte de Cristo, como Seu soldado (só com a Confirmação teremos no Céu a proximidade de Deus e a intensidade da Caridade que Ele quer nos dar).

A graça sacramental é o direito aos subsídios necessários para a firmeza na Fé, tornando o crismado capaz de professar a Fé contra os inimigos da Igreja se preciso até à própria morte.

O caráter sacramental torna o fiel soldado de Cristo e propagadores e defensores da Sua Igreja.

Embora não seja de absoluta necessidade para a salvação, a ninguém é lícito descuidar-se dele a ponto de não o receber. É grave negligência (dos pais, padrinhos de Batismo e própria) não receber o Sacramento da perfeição cristã.

  • Matéria: [4]

Remota: óleo de oliva com bálsamo consagrado pelo Bispo na manhã da quinta-feira santa na Missa crismal.

Próxima: unção em forma de cruz feita na fronte do crismando junto com a imposição das mãos.

  • Forma: [5]

N. (nome do crismando), EU TE ASSINALO COM O SINAL DA CRUZ E TE CONFIRMO COM O CRISMA DA SALVAÇÃO EM NOME DO PAI E DO FILHO E DO ESPÍRITO SANTO [6].

  • Ministro:

O Bispo, que sempre o administra validamente. O Presbítero crisma validamente desde que receba a dispensa do Bispo.

Em perigo de morte, qualquer sacerdote crisma validamente e licitamente, mesmo sem a licença do Bispo.

  • Sujeito:

Qualquer batizado ainda não crismado; se adulto, para a liceidade, exige-se o estado de graça e a instrução [7].

________________
Notas

[1] Essa relação talvez não seja tão percebida por nós ocidentais, devido à distância entre a recepção do Batismo (ainda com poucos dias de nascido) e a da Confirmação (início da adolescência), o que não ocorre na tradição oriental (ambos os Sacramentos são recebidos no mesmo dia, ainda recém nascido).

[2] Esse erro é ensinado pelos modernistas. Para eles, apenas se recebe completamente os efeitos do Batismo após uma renovação conscientemente professada, que não pôde ocorrer na ocasião do batizado por ser ainda criança. Ideia que não tem espaço na tradição oriental pelo motivo dito na nota 1. Por causa desse erro moderno, é imprecisa a expressão “Crisma é a confirmação do Batismo”.

[3] Ainda outras passagens podem ser lidas: Jo 14,16s; IICor 1,21s; IJo 2,20.27.

[4] O motivo da matéria da Confirmação ser o óleo é que ele era usado para fortalecer as pessoas (até mesmo para cicatrizar feridas). Assim, o que era usado como sinal de robustecimento físico, agora é usado como robustecimento espiritual. É por causa da unção que este Sacramento também é conhecido como Crisma, que significa unção.

[5] A fim de comparação e enriquecimento, expomos aqui a forma da Confirmação no rito Bizantino:

N., o selo do dom do Espírito Santo.

[6] No rito de Paulo VI, a forma secular da Igreja romana foi mudada para uma outra de inspiração oriental bizantina (isso, de per si, é suficiente para derrubar qualquer argumento acerca da [suposta] invalidade intrínseca da nova forma):

N., recebe por este sinal os dons do Espírito Santo.

O problema existe quando se toma a tradução brasileira feita pela CNBB (N., recebe por este sinal o Espírito Santo, dom de Deus) completamente infiel ao original latino.

[7] A Confirmação também exige a figura dos padrinhos, como o Batismo. Tudo o que foi falado acerca disto no texto sobre o Batismo diz respeito ao padrinho de Crisma. Existe um parentesco espiritual entre o crismado e seu padrinho, embora que ignorado pela Direito pós-conciliar, que os impedia de contrair Matrimônio. Por respeito a essa tradição, convém chamar apenas pessoas do mesmo sexo para cumprir essa função.

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s