BREVE EXAME E A CARTA DOS CARDEAIS OTTAVIANI E BACCI

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O Breve exame crítico é um estudo feito a pedido e apresentado pelos Cardeais Alfredo Ottaviani e Antonio Bacci ao Papa Paulo VI motivado pela imposição do novo rito da Missa.

O estudo consta da seguinte estrutura:

1. Histórico da Mudança ⇒ A nova forma da Missa foi substancialmente rejeitada pelo Sínodo Episcopal, nunca foi submetida ao júri das Conferências Episcopais e nunca foi reivindicada pelo povo. Além do mais possui todas as possibilidades de satisfazer aos mais modernistas dos protestantes.
2. Definição de Missa ⇒ Através de uma série de equívocos a ênfase é obsessivamente colocada no aspecto de “Ceia e Memorial” ao invés da “Renovação incruenta do Sacrifício do Calvário”.
3. Apresentação dos Fins ⇒ As três finalidades da Missa foram alteradas: não se permite que nenhuma distinção permaneça entre Sacrifício Divino e Sacrifício humano; pão e vinho são transformados apenas “espiritualmente” e não substancialmente.
4. Da Essência ⇒ A Presença Real de Cristo nunca é mencionada e a crença nisso é implicitamente repudiada.
5. Dos quatro elementos do Sacrifício ⇒ A posição tanto do sacerdote como do povo é falsificada e o celebrante aparece apenas como nada mais que um ministro protestante, enquanto a verdadeira natureza da Igreja é intoleravelmente descaracterizada.
6. A Destruição da Unidade ⇒ O abandono do latim varre toda a beleza e toda a unidade de culto. Isso pode acarretar efeitos na unidade da Fé e o Novo Ordinário não tem a menor intenção de preservar a Fé do modo como foi ensinado pelo Concílio de Trento, o qual toda a consciência católica tem por dever obedecer.
7. A Alienação da Ortodoxia ⇒ Ao mesmo tempo que agrada a vários grupos dissidentes, o Novo Ordinário da Missa aliena o Leste (Igrejas Orientais).
8. O Abandono das defesas ⇒ O Novo Ordinário é abundante em insinuações ou erros manifestos contra a pureza da religião Católica e desmantela todas as defesas do Depósito da Fé.

A presentamos abaixo o link do estudo:

Breve exame crítico

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Reproduzimos abaixo a Carta dos referidos cardeais ao Papa, que serve de introdução autoral ao estudo.

Carta dos Cardeais Ottaviani e Bacci à Sua Santidade Papa Paulo VI

Roma, 25 de setembro, 1969

Santíssimo Padre:

Após ter examinado cuidadosamente, e apresentado para escrutínio dos demais, o Novus Ordo Missæ (Novo Missal) preparado pelos especialistas do Consilium ad exequendam Constitutionem de Sacra Liturgia, e após longa oração e reflexão, nós sentimos ser nossa obrigação junto a Deus e de Sua Santidade, expor-lhe as seguintes considerações:

1. O estudo crítico que acompanha o Novus Ordo Missæ (Novo Ordinário da Missa), o trabalho de um grupo de teólogos, liturgistas e pastores de almas, mostra claramente, apesar de sua brevidade, que, se nós considerarmos as inovações sugeridas ou dadas por definitivo, as quais podem naturalmente serem avaliadas de diferentes modos, o Novo Ordinário representa, tanto em seu todo como nos detalhes, uma nova orientação teológica da Missa, diferente daquela que foi formulada na Sessão XXII do Concílio de Trento. Os “Canons” do rito, definitivamente fixados naquele tempo, proporcionavam uma intransponível barreira contra qualquer heresia dirigida contra a integridade do Mistério.

2. Os motivos pastorais alegados para apoiar tão grave ruptura com a tradição, ainda que os mesmos poderiam dizer respeito a uma maior participação em face de considerações doutrinárias, não nos parecem suficientes. As inovações propostas pelo Novo Ordinário, e o fato de que tudo aquilo que possui um valor perene é pouco valorizado, se permanecem como estão, poderiam converter em certezas as suspeitas já prevalecentes, em muitos círculos, de que aquelas verdades que sempre foram acreditadas pelo povo cristão, podem ser mudadas e ignoradas sem que isso acarrete infidelidade ao Sagrado Depósito de Doutrina, do qual a Igreja é depositária eterna. Recentes reformas demonstraram amplamente que as novas mudanças na liturgia poderiam não nos levar a lugar algum, exceto a uma completa confusão por parte dos fiéis, os quais já demonstram claros sinais de reticência e de uma indubitável perda de fé.

No meio do melhor dos clérigos é praticamente resultante uma agonizante crise de consciência, a qual chega ao nosso conhecimento diariamente através de inúmeras instâncias.

3. Estamos certos de que essas considerações, as quais podem atingir Sua Santidade apenas através da viva voz de ambos: pastores e rebanho, encontrarão um eco em vosso paternal coração, o qual é sempre tão profundamente solícito pelas necessidades espirituais dos filhos da Igreja. Sempre foi o caso de que, quando uma lei formulada para o bem de quaisquer sujeitos, prove ser ao contrário, perniciosa, tais sujeitos têm por dever solicitar com confiança filial a revogação da mesma.

Portanto nós seriamente imploramos a Vossa Santidade – nesse tempo de tão dolorosas divisões e de um sempre-crescente perigo para a pureza da Fé e a unidade da Igreja, o que é tão lamentado por nosso Pai Comum – por favor, não nos prive da possibilidade de continuarmos recorrendo à frutífera integridade do Missal Romano de São Pio V. tão altamente louvado por Vossa Santidade e tão venerado por todo o mundo católico.

Alfredo Cardenal Ottaviani
Antonio Cardenal Bacci

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