
«Não pronunciarás o nome de Javé, teu Deus, em prova de falsidade, porque o Senhor não deixa impune aquele que pronuncia o Seu Nome em vão, em favor do erro» (Ex 20,7. Dt 5,11).
O Segundo Mandamento [1] é, de certa forma, um desenvolvimento do anterior, pois tem como preceito positivo a honra e respeito a tudo o que é sagrado, aquilo que foi separado do uso profano para o serviço divino. Portanto, o preceito negativo é a proibição de tratar com familiaridade aquilo que é sagrado.
Deus é Santo e e fonte de toda a santidade. Tratar a Ele como um mero amigo é dessacralizar Sua Pessoa. Igualmente tratar com proximidade os Santos, cuja santidade é a reflexão parca da santidade divina. Por isso devemos nos abster do abuso no falar ou invocar esse Nome Santíssimo, que a Igreja festeja em sua Liturgia, pelo qual “todo joelho se dobra no céu, na terra e nos infernos” (cf. Fl 2,10).
Pecados contra este Mandamento
Blasfêmia ⇒ é o ultraje feito a Deus (blasfêmia direta) ou aos Santos (blasfêmia indireta), especialmente a Virgem Santa tão ultrajada pelos hereges protestantes. A blasfêmia, direta ou indireta, tem sempre matéria grave.
Quebra de voto ou promessa [2], sempre tem matéria grave.
Rogar pragas. A materialidade vai depender do mal que foi desejado [3]. Certamente é matéria grave desejar o mal absoluto (perdição da alma e a eternidade no inferno).
O uso mágico no nome de Deus [4].
Perjúrio ⇒ juramento falso. Juramento é a invocação do Nome de Deus em testemunho de uma verdade. É um pecado que ofende simultaneamente dois Mandamentos: o segundo e o oitavo. Sua matéria é sempre grave como afirmam as Escrituras:
Não jureis falso, porque aborreço tudo isso – oráculo do Senhor (Zc 8,17).
Eu, porém, vos digo: não jureis de modo algum, nem pelo céu, porque é o trono de Deus; nem pela terra, porque é o escabelo de seus pés; nem por Jerusalém, porque é a cidade do grande Rei. Nem jurarás pela tua cabeça, porque não podes fazer um cabelo tornar-se branco ou negro. Dizei somente: Sim, se é sim; não, se é não. Tudo o que passa além disto vem do Maligno (Mt 5,34-37).
“Antes de mais nada, meus irmãos, abstende-vos de jurar. Não jureis nem pelo céu nem pela terra, nem empregueis qualquer outra fórmula de juramento. Que vosso sim, seja sim; que vosso não, seja não. Assim não caireis ao golpe do julgamento (Tg 5,12).
Não jurar nem pelo Criador nem pela criatura senão com a verdade, por necessidade e com reverência (Santo Inácio de Loyola).
________________
Notas
[1] Na imagem do texto, encontra-se a condenação da simonia proposta por Simão, o mago:
E, quando Simão viu que se dava o Espírito Santo por meio da imposição das mãos dos apóstolos, ofereceu-lhes dinheiro, dizendo: Dai-me também a mim este poder, a fim de que todo aquele a quem eu impuser as mãos, receba o Espírito Santo. Mas Pedro disse-lhe: O teu dinheiro pereça contigo, visto que julgaste que o dom de Deus se adquiria com dinheiro. Tu não tens parte nem sorte neste ministério, porque o teu coração não é reto diante de Deus. Faze, pois, penitência desta tua maldade, e roga a Deus que, se é possível, te seja perdoado este desvario do teu coração. Porque eu vejo-te cheio de amargosíssimo fel e entre os laços da iniquidade. E, respondendo Simão, disse: Rogai por mim ao Senhor, para que não venha sobre mim nada do que acabais de dizer (At 8,18ss).
[2] Promessa é um juramento deliberado feito a Deus de um bem possível e melhor que seu contrário. Quando é feito no contexto religioso, é chamado de voto.
[3] Desejar o mal relativo a alguém, com vistas em sua conversão, não é pecado. Semelhante a uma mãe que castiga o filho para lhe ensinar a virtude ou remediar um mal feito.
[4] Infelizmente é um dos pecados mais cometidos nos tempos de hoje, principalmente nas falsas seita pentecostais que colocam Deus, Nosso Senhor, como um servidor do homem e tentam relacionar supostas benesses com o patrocínio divino.
Não menos pecaminoso é usar o Nome de Nosso Senhor para curas espirituais e corporais, usando espiritismo e outras invocações de entidades maligna que eventualmente aparecem com apoio midiático.