O dia amanheceu nublado. Parecia que as trevas da noite não queriam se romper com o raiar do sol…
Mas por quê? Por que hoje foi diferente? Hoje, como todos os dias, a Terra está presa ao Sol; as coisas são atraídas para baixo; as estrelas não caíram da abóbada celeste; pessoas se magoam, se alegram, nascem, morrem…
Sim, a morte! Infelizmente para os que ficam. Feliz para quem se vai, pois é assim que se chega à vida eterna.
E hoje, nosso Senhor chamou para seu refrigério a minha Titi… Soube quando acabara de acordar e estava me arrumando para dar aula.
Ela que, com certeza, é uma das pessoas que mais me ama.
Ela que ajudou na minha criação.
Ela que, o mais importante, me ajudou na minha formação religiosa!
Sou católico por causa de muitas pessoas, mas certamente ela é uma das mais culpadas! Quantas vezes não me levou à Missa mesmo cansada dos afazeres domésticos, só porque eu pedi para “que essa vontade que ele tem de ir à igreja não esvaneça”.
A ela eu chamava de terceira mãe. Sim mãe não da carne, mas da fé!
Sofreu pela doença; mas que seria curada antes do Natal! Outro fator a levou.
Que seus sofrimentos tenham lhe servido de satisfação pelas penas dos pecados, Titi. Que esteja no paraíso, como o senhor diácono rezou: “Que os Anjos te levem e os mártires acorram ao teu encontro e te conduzam à cidade santa. Que o coro dos Anjos te preste homenagem”.
São José, patrono da boa morte, rogai por ela e agradecemos a ti por tê-la feito passar a páscoa durante o sono.
Tão repentina a morte que não a visitei ontem, como pretendia; tampouco chamei um padre para aplicar-lhe os últimos Sacramentos. Deus me perdoe a displicência!
Interceda por nós aqui na Terra, Titi, principalmente por sua irmã, minha avó, para que tenhamos fé e não desvaneçamos agora.
Para nós que ficamos nos resta o consolo da Santa Religião que nos dá a esperança da ressurreição: “Aqueles, contristados pela certeza da morte, sintam-se consolados com a promessa da futura imortalidade. Para os vossos fiéis, Senhor, a vida é transformada, não tirada; e, destruída a morada desta habitação terrestre, está preparada uma habitação eterna nos céus” (cf. Prefácio dos Defuntos).
Resquiescat in pace.
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PUBLICADO: 8 novembro 2012