Santo Agostinho fala sobre duas cidades.

Cada vez mais a dualidade deste século, eminentemente comentada pelo Doutor da Graça, fica latente, ululante até: quente ou frio; trigo ou joio; luz ou trevas; dia ou noite; sal ou insosso; católico ou mundano.

O Santo Pai da Igreja ensina-nos que, de fato, há duas cidades: a cidade terrestre e a cidade de Deus:

Dois amores erigiram duas cidades, Babilônia e Jerusalém: aquela é o amor de si até ao desprezo de Deus; esta, o amor de Deus até ao desprezo de si (Santo Agostinho, A Cidade de Deus, 2, L. XIV, XXVIII, destaques meus).

A Igreja propõe-nos, através da Santa Liturgia, um tempo de preparação para a Quaresma, a fim de que os jejuns e as penitências não nos apanhem desprevenidos: este é o escopo do Tempo da Septuagésima. Assim faz a Jerusalém; assim faz a cidade de Deus; e assim devem fazer seus cidadãos, os santos (cf. Ef 2,19).

O mundo, contudo, impõe as prévias, uma época de preparação (sic) para o carnaval e antecipação a ele. Já nas prévias, tudo se inebria na libertinagem, na bebida, nas drogas, na esbórnia e na violência gratuita. Nesta época, o Brasil, país do carnaval, pára, entorpecido. Assim faz a Babilônia; assim faz a cidade terrestre; e assim fazem seus cidadãos, as trevas (cf. Jo 1,5).

Parece ser nesta época que se acirra enormemente as duas facções e depressa nos vem à mente as palavras do Senhor: “Não podeis servir a dois senhores” (Mt 6,24).

Não nos enganemos, pois este embate é eminentemente espiritual e cada cidade conta com seus governantes: a Jerusalém é dirigida por Nosso Senhor e na Igreja Ele inicia Seu reinado na sociedade como Rei Bondoso; a Babilônia é dirigida por Satanás e no mundo tenta escravizar os filhos da luz (cf. ITs 5,5) como tirano perverso.
De um lado a cruz (cf. Lc 9,23); do outro os prazeres (cf. Mc 8,36). A porta estreita e a porta larga; o caminho apertado e o espaçoso (cf. Mt 7,13s).

Católicos, escolhamos corretamente, pois devemos adorar o Senhor Deus, e só a Ele servir (cf. Dt 6,13).