RESPOSTA À CRITICA CONTRA O SEDEVACANTISMO 3

Mais uma vez o Sedevacantismo, ou melhor, o único catolicismo possível desde os anos 60 do século passado, é atacado por pretensos defensores da Fé Católica. Dessa vez foi o padre Paulo Ricardo que desferiu algumas palavras que, na verdade, relevam sua completa ignorância sobre o tema.

A íntegra da verborragia pode ser visto aqui e foi desferida durante um sermão que também trata de outros temas. Podemos resumir a três pontos que são pertinentes a nós. O presbítero acusa-nos da falta de virtude teologal (perfídia), virtude moral (injustiça) e de heresia (visibilidade). Sigamos com as respostas.

Ponto 1: falta de Fé

A primeira das acusações do padre é que os sedevacantistas não têm Fé, pois rejeitamos o papado ─ sic! ─ por causa de falhas e imperfeições no suposto Papa.

A primeira parte é uma afirmação bastante estranha, uma vez que Fé é a adesão da inteligência à Revelação e não uma confiança que Deus irá cuidar da Igreja apesar das falhas e imperfeições da hierarquia. Confusão conceitual estranha para alguém que se arvora de ensinar o tomismo.

Ademais é estranhíssimo comparar o crime de heresia com “falhas e imperfeições” pessoais. É uma confusão que não combina com a erudição de alguém tão reconhecido no Brasil, um dos mais preparados entre os modernistas. Por isso que podemos, sem temeridade, afirmar que se está diante uma desonestidade indescritível e, certamente, proposital1.

Desastrosamente o padre confunde heresia com profissões de Fé mal formuladas; um rito completamente anticatólico e protestante com Sacramentos celebrados com pouco zelo; assim como mau governo com excomunhões injustas contra católicos, perseguindo a verdade conhecida como tal.

Por fim, nunca é demais deixar claro: nenhum sedevacantista rejeita o papado porque ele é de constituição divina, pois que o Papa é a pedra sobre a qual a Igreja foi fundada e perpétuo e visível princípio e fundamento da unidade eclesiástica. Todo e qualquer católico deve assim crer ─ agora sim Fé ─ acerca do Primado Petrino2.

O que dizemos, na verdade, é que o sujeito que se diz Papa, na realidade não o é, uma vez que é herege3. O herege perde a legitimidade de ocupar qualquer cargo na hierarquia.

Surge, por fim, uma pergunta: nossos detratores não conhecem nossa posição ou são apenas, mais uma vez, desonestos?

Ponto 2: obediência

Neste ponto o padre diz:

Estamos totalmente de acordo. É evidente que temos que pertencer à Igreja Católica se quisermos a salvação. É exatamente por isso que não temos e nem queremos estar em comunhão com os hereges da hierarquia modernista. Por conseguinte a obediência é condicionada pela adesão à verdade.

Nenhuma virtude, a obediência é uma delas, é absoluta e incondicional. Todas elas são subordinadas à verdade e à Fé. Portanto um hierarca que se desvia da Fé verdadeira, ensinando heresia, torna-se ilegítimo. Neste caso a obediência não é um erro, mas é imperativa4.

Ponto 3: visibilidade

A tese dos detratores é que um longo tempo sem um Papa vai de encontro à visibilidade da Igreja e ao ensinamento do Concílio do Vaticano que afirma que a Sé de São Pedro terá visíveis e perpétuos sucessores.

Ora, tal verdade não é contradita no interregno normal entre Papas. Qual a diferença essencial entre o tempo de interregno de dois meses ou de dois anos? A diferença é tão somente acidental, pois que o tempo é uma das categorias aristotélicas. Sobre os sucessores perpétuos, batam-nos essas palavras.

Por fim, sabemos que o Papa é o fundamento da unidade e visibilidade eclesiástica, mas sua ausência não fere nem esta nem aquela característica da Igreja de Cristo. A unidade da Igreja se fundamenta também na unidade doutrinal, coisa que há muito não existe na Igreja pós-conciliar.

A visibilidade da Igreja, por sua vez, vem da necessidade de um meio visível para entrar em seu seio (o Batismo), na autoridade (Papa e os Bispos) e nos meios externos de santificação (Sacramentos) e de culto (Missa).

Os sedevacantistas professam a mesma Fé que a Igreja recebeu dos Apóstolos. O Batismo é o meio ordinário pelo qual alguém entra no redil de Cristo (os modernistas, ao contrário, negam a necessidade do Batismo para crianças5), os fiéis são submissos a algum Bispo (e padres ligados a ele) que aplicam os Sacramentos e celebram o Santo Sacrifício.

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Nota

  1. Aliás essas e muitas outras confusões artificiais são colocadas pelos modernistas para absolver a heresia da Igreja pós-conciliar, como dizer que a infalibilidade atinge apenas as definições formais explícitas, ou a falsa noção de que os ensinamentos não infalíveis indicam falibilidade (como se o contrário de infalível fosse falível, mas apenas não vinculativo). Assim ensina o Cardeal Biliot:
    O poder legislativo da Igreja tem como objeto não apenas questões de fé e moral, mas também questões de disciplina. Em questões de fé e moral, uma obrigação de lei eclesiástica é adicionada a uma obrigação de lei divina. Em contraste, em questões de disciplina, a obrigação é inteiramente de lei eclesiástica. No entanto, a infalibilidade está sempre vinculada ao exercício do poder legislativo supremo, pois, em virtude da assistência de Deus, a Igreja nunca pode impor uma disciplina que seja oposta às regras de fé e à santidade do Evangelho (Cardeal Louis Biliot s.J., Tractatus De Ecclesia Christi, T. 1., Ed. 5a, Tese XXII, Romae, 1927, destaques nossos).
    E ainda o Magistério da Igreja:
    Para que, portanto, o conhecimento verdadeiro e sincero da lei divina, e não a sua simulação ou imagem corrompida, sirva de luz e guia às inteligências e ao procedimento dos homens, é necessário que a par da piedade a do desejo de obediência a Deus exista uma filial e humilde obediência à Igreja, pois que foi o próprio Cristo Senhor Nosso quem constituiu a Igreja Mestra da verdade também nestas coisas respeitantes à direção e à regulamentação dos costumes, apesar de muitas delas não serem, por si mesmas, inacessíveis à inteligência humana. E assim como o Senhor, quanto às verdades naturais respeitantes à fé a aos costumes, quis acrescentar à simples luz da razão a revelação, para que estas coisas justas e verdadeiras, “ainda nas condições presentes da natureza humana, possam por todos ser conhecidas facilmente, com certeza absoluta e sem sombra de erro” (Conc. Vat. sess. III, cap. 2), assim com o mesmo fim constituiu a Igreja guarda e mestra de todas as verdades que dizem respeito à religião e aos costumes. A ela, por conseguinte, devem os fiéis, se quiserem conservar-se imunes de erros de inteligência e da corrupção moral, obedecer e submeter a inteligência e o coração. E, a fim de não se privarem de um auxílio prestado com tão larga benignidade por Deus, devem prestar a devida obediência não só às definições mais solenes da Igreja mas também, guardadas as devidas proporções, às outras constituições e decretos por que certas opiniões são proscritas e condenadas por perversas ou perigosas. (Cf. Conc. Vat., sess. III, cap. 4; Cod. Jur. Can., c. 1324).
    Os cristãos devem, por conseguinte, afastar-se de uma exagerada independência de pensamento e de uma falsa “autonomia” da razão humana, ainda com respeito a certas questões que acerca do sacramento do matrimônio se debatem em nossos dias. (Papa Pio XI, 1930, Carta Encíclica Casti connubii, 108s, destaques nossos). ↩︎
  2. Tudo isso que dissemos é verdade, mas o Papa é a pedra, como vigário, representante da Pedra Angular (cf. Sl 117,22). Portanto, não é o Papa o fundamento absoluto como falaremos mais a frente. ↩︎
  3. A despeito de ele ter sido eleito, a escolha de um herege para o trono petrino, mesmo que respeitando todas as regras do conclave, é o mesmo que eleger para presidente da república um candidato não brasileiro. Pode-se respeitar todo o rito, mas carece de um ponto essencial, ser católico, para ser Papa (ou ser brasileiro para ser presidente da nação). ↩︎
  4. Neste site há um texto sobre a virtude da obediência que se baseia nos ensinamentos de São Francisco de Sales: Contra a obediência cega. ↩︎
  5. Desde 2007 a Comissão Teológica Internacional pelo documento A esperança da salvação para as crianças que morrem sem Batismo com aprovação do usurpador à época Ratzinger. ↩︎

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