A VITÓRIA DA FÉ

No ano da graça de 1571, a Cristandade encontrava-se em gravíssimo perigo. As hordas maometanas do Império Otomano, inimigas figadais da Fé verdadeira, avançavam implacavelmente sobre a Europa, ameaçando mergulhar o continente nas trevas da infidelidade. Tendo já conquistado a ilha de Chipre com a crueldade que já lhe é costume, sua vasta armada preparava-se para subjugar Roma, o coração da Igreja, e apagar a luz de Cristo do Ocidente.

Diante de tão iminente e funesta ameaça, o Santo Padre, o Papa São Pio V, não confiou apenas nas forças materiais dos príncipes católicos. Com a sabedoria que lhe vinha do Alto, compreendeu que esta era uma batalha primariamente espiritual. Conclamou, pois, toda a Cristandade a uma cruzada de oração. A arma escolhida para este combate não foi a espada, mas sim a mais poderosa das armas espirituais: o Santo Rosário. O Sumo Pontífice ordenou que se realizassem procissões, jejuns e, acima de tudo, que os fiéis recitassem com fervor o Rosário, suplicando a intercessão da Santíssima Virgem, Auxílio dos Cristãos.

Enquanto os soldados da Santa Liga – uma aliança de nações católicas sob o comando de Dom João d’Áustria – preparavam seus corpos para a batalha com a confissão e a Sagrada Comunhão, suas almas também eram fortalecidas com a recitação dos mistérios da vida de Nosso Senhor e de Sua Santíssima Mãe. Cada conta do Rosário era um projétil de fé disparado contra as hostes infernais que insuflavam a frota inimiga.

No dia 7 de outubro de 1571, no Golfo de Lepanto, as duas armadas se encontraram. A frota otomana, em número superior, formava um crescente, símbolo de sua heresia. A frota cristã, por sua vez, dispôs-se em forma de cruz. O embate foi de uma violência inaudita. No momento crucial da batalha, quando as forças cristãs pareciam vacilar, um evento prodigioso ocorreu: os ventos, que até então favoreciam os turcos, mudaram subitamente de direção, enchendo as velas da armada católica e lançando a desordem entre os infiéis.
Em Roma, naquele exato momento, o Papa São Pio V, que se encontrava em oração com alguns cardeais, teve uma visão celestial. Interrompendo seus afazeres, dirigiu-se a uma janela e, com o rosto transfigurado por uma luz divina, anunciou a vitória da esquadra cristã, muito antes que qualquer mensageiro pudesse ter chegado com a notícia.

A vitória foi esmagadora e decisiva. O poderio naval otomano foi aniquilado, e a ameaça maometana ao coração da Europa foi detida. Não restou dúvida alguma, para os homens de fé daquela época, que tal triunfo não se deveu apenas à perícia militar ou à coragem dos soldados, mas sim a um milagre patente, alcançado pela poderosa intercessão da Rainha dos Céus, invocada insistentemente através do Santo Rosário.

Em perpétua gratidão por tão insigne favor, o Santo Padre São Pio V instituiu a festa de “Nossa Senhora da Vitória”. Mais tarde, em 1573, seu sucessor, o Papa Gregório XIII, a renomeou para “Festa de Nossa Senhora do Rosário”, fixando-a no dia 7 de outubro, aniversário da gloriosa batalha. Esta festa não é, portanto, uma mera comemoração de um feito militar, mas um solene reconhecimento por parte da Santa Igreja de que a recitação do Saltério da Virgem, como também é conhecido o Santo Rosário, é uma arma potentíssima contra os inimigos da fé e da civilização cristã.

Lepanto permanece como um testemunho eterno do poder da oração e da mediação da Santíssima Virgem. Ensina-nos que, em todas as batalhas da vida, sejam elas contra inimigos visíveis ou invisíveis, a nossa vitória está assegurada se nos refugiarmos sob o manto da Bem-aventurada Virgem Maria e empunharmos com Fé e perseverança a santa devoção ao seu Sacratíssimo Rosário.

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