O texto originalmente publicado se encontra aqui. Trata de um sermão do Papa São Gregório Magno que muito tem dizer sobre a moda de carismas que assola a Igreja pós-conciliar.
O movimento autodenominado de Renovação (sic) Carismática Católica (RCC) tem suas origens no protestantismo dos protestantes: das igrejolas surgidas como consequência da prevaricação de Lutero, Calvino e outros. É certo que a Igreja tomou elementos dos pagãos para melhor difundir a verdade evangélica e ter mais sucesso no apostolado. Mas será que em pleno século XX, a Igreja ainda necessitava tomar elementos dos hereges para se difundir pelo mundo?
O sermão é feito tendo como base a passagem de Mc 16,17s:
Estes milagres acompanharão os que crerem: expulsarão os demônios em meu nome, falarão novas línguas, manusearão serpentes e, se beberem algum veneno mortal, não lhes fará mal; imporão as mãos aos enfermos e eles ficarão curados.
Sem mais, ei-lo.
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Será que, meus caros irmãos, pelo fato de que vós não fazeis nenhum destes milagres, é sinal de que vós não tendes nenhuma fé?
Estes sinais foram necessários no começo da Igreja. Para que a Fé crescesse, era preciso nutri-la com milagres. Também nós, quando nós plantamos árvores, nós as regamos até que as vemos bem implantadas na terra. Uma vez que elas se enraizaram, cessamos de regá-las.
Eis porque São Paulo dizia: “O dom das línguas é um milagre não para os fiéis, mas para os infiéis” (I Cor 14,22).
Sobre esses sinais e esses poderes, temos nós que fazer observações mais precisas?
A Santa Igreja faz todo dia, espiritualmente, o que ela realizava então nos corpos, por meio dos Apóstolos. Porque, quando os seus ministros, pela graça do exorcismo, impõem as mãos sobre os que creem, e proíbem aos espíritos malignos de habitar sua alma, faz outra coisa que expulsar os demônios?
Todos esses fiéis que abandonam o linguajar mundano de sua vida passada, cantam os santos mistérios, proclamam com todas as suas forças os louvores e o poder de seu Criador, fazem eles outra coisa que falar em línguas novas?
Aqueles que, por sua exortação ao bem, extraem do coração dos outros a maldade, agarram serpentes.
Os que ouvem maus conselhos sem, de modo algum, se deixar arrastar por eles a agir mal, bebem uma bebida mortal, sem que ela lhes faça mal algum.
Aqueles que todas a vezes que vêem seu próximo enfraquecer, para fazer o bem, e o ajudam com tudo o que podem, fortificam, pelo exemplo de suas ações, aqueles cuja vida vacila; que fazem eles senão impor suas mãos aos doentes, a fim de que recobrem a saúde?
Estes milagres são tanto maiores pelo fato de serem espirituais, são tanto maiores porque repõem de pé, não os corpos, mas as almas.
Também vós, irmãos caríssimos, realizais, com a ajuda de Deus, tais milagres; vós os realizais, se quiserdes.
Pelos milagres exteriores não se pode obter a vida. Esses milagres corporais, por vezes, manifestam a santidade. Eles não criam a santidade.
Os milagres espirituais agem na alma. Eles não manifestam uma vida virtuosa. Eles fazem vida virtuosa.
Também os maus podem realizar aqueles milagres materiais. Mas os milagres espirituais só os bons podem fazê-los.
É por isso que a Verdade diz, de certas pessoas:
Muitos Me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não foi em Teu Nome que nós profetizamos, que nós expulsamos os demônios e que realizamos muitos prodígios? E Eu lhes direi: Eu não vos conheço. Afastai-vos de Mim, vós que fazeis o mal (Mt 7,22s).
Não desejeis, ó irmãos caríssimos, fazer os milagres que podem ser comuns também aos réprobos, mas desejai esses milagres da Caridade e do amor fraterno dos quais acabamos de falar: eles são tanto mais seguros pelo fato de que são escondidos e porque acharão, junto a Deus, uma recompensa tanto mais bela quanto eles dão menor glória diante dos homens
(São Gregório Magno, Papa, Sermões sobre o Evangelho, Livro II, Les éditions du Cerf, Paris, 2008, volume II, pp. 205 a 209, destaques nossos).
Nem todos os que me dizem;Senhor, Senhor entrarão no Reino dos Céus , mas sim aqueles que fazem a vontade de Deus .Ninguém pode dizer Jesus é o Senhor , se não for por ação do Espírito Santo.Aqueles que vem a mim ,é porque ouviu a vós do Pai,eu não o rejeitarei.Conclusão. A salvação é pela fé e ação do Espírito Santo.Só os desertores e apostata da fé que não herdarão o Reino de Deus.Os dons são consequência dos que vivem a fé e põe em prática.Os dons e manifestação do Espírito tem que ser avaliado e discernido pela igreja num todo e não somente por qualquer um que contradiz anonimamente certos dons..Isto tem acontecido vulgarmente dentro do recinto da igreja por alguns membros aleatoriamente.
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O “vulgarmente” que você cita, José, é o Papa São Gregório Magno?
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